terça-feira, 23 de junho de 2009

Entrada Para Raros



Música, Alegria, teatro, acrobacia

Para chegar a gravação do segundo CD da Banda “O Teatro Mágico: Segundo Ato”, Fernando Anitelli, vocalista da banda, passou experiências que lhe ensinaram muito sobre a vida e principalmente sobra a carreira artística.
Logo cedo, se formou em Comunicação Social, que lhe garantiu não só o diploma, mas também a formação da sua extinta banda: Madalena 19. Com uma certa ingenuidade e com o intuito de ficar famoso, Anitelli assinou um contrato com uma produtora, que não só permitiria a gravação de um CD, mas que também daria todos os direitos autorais das músicas compostas por ele a essa gravadora, que por fim acabou rejeitando a banda por achar que as músicas eram brasileiras demais.
Em 2003, com a ideia de entrar para o cenário independente, Anitelli formou a trupe do “Teatro Mágico”, composta por doze músicos e três artistas circenses, a banda mistura elementos da música, com números de circo, transformando assim, o palco em um picadeiro.
Entrou em estúdio para gravar o seu primeiro CD: “O Teatro Mágico: Entrada Para Raros”, fazendo referência ao Best Sellers do escritor alemão Hermano Hesse “O Lobo da Estepe”, e assim montou um espetáculo juntando tudo numa coisa só: malabaristas, atores, cantores, poetas, palhaços, bailarinas e tudo o que a imaginação pudesse criar.
Vestido de palhaço, Fernando Anitelli sobe ao palco com influências do circo, do teatro e da poesia. Suas melodias são feitas em um ritmo único, misturando maracatu, samba, hip-hop, música erudita e rock. Utilizando instrumentos como pick ups, violões, violinos, guitarras, baixo, percussão, flauta, gaita, bateria, piano e sons eletrônicos. Suas letras são a poesia do cotidiano urbano, retratando a sociedade brasileira: uma sociedade desigual e desumana, com moradores de rua, mecanização do trabalho, alienação as emissoras de televisão e retratando também os sentimentos humanistas.
Suas músicas trazem grande surpresas para seus fãs, para os que são muito atentos, descobrem mensagens ocultas em suas músicas, como em “O Anjo mais Velho”, composta para seu irmão mais velho Gustavo, que morou durante seis anos nos Estados Unidos. Essa música traz à tona o sentimento de saudade por uma pessoa que já se foi, ou mora longe.
“(...) Metade de mim agora é assim: de um lado a poesia, o verbo a saudade. Do outro a luta, que nos trouxe coragem para chegar ao fim (...)”, ou seja, uma parte são lembranças, e a outra é a vontade de continuar a batalha.
“(...) Só enquanto eu respirar vou me lembrar de você, só enquanto eu respirar (...)”, não importa quando, onde ou o por quê, o que importa é que enquanto o coração bater a saudade vai estar junto.
E de traz para a frente a mensagem oculta: “(...) O novo, o credo, a fé que você deposita em você (...)”, o que não precisa de explicação: um dia vão se encontrar novamente.
Traçando um paralelo entre o real e o imaginário, as pessoas descobrem a delícia de se permitir um pouco mais de si mesmos, e a trupe do Teatro Mágico, comandada por Fernando Anitelli, escreve seu nome na história da música popular brasileira, com o sucesso independente de gravadoras ou mídia de massa.
Considerados pelo jornal “Folha de São Paulo” como o melhor show da atualidade no Brasil, a companhia musical e circense recebe elogios como: “Longe da crítica e perto do público”.
Hoje suas músicas são distribuídas gratuitamente pela internet, e seus DVDS são vendidos a preços populares, deixando a mensagem: “Ser o que se é, afinal, todos somos raros e temos que ter consciência disso.”



E como entrevistá-lo é para raros, confira:



Poliana: Muitas pessoas vêm vestidas e maquiadas como vocês. Qual é a sua opinião sobre isso?
Fernando Anitelli: É uma homenagem bonita pra caramba, fico muito feliz, porque é um projeto que tem a característica de ser realizado de maneira colaborativa, com um publico que visita nossos sites, sai nas fotos, na nossa apresentação, então, quando esse pessoal vem transfigurado, trazendo seu personagem de casa, a gente gosta muito da homenagem.
Eu acho importante a participação. O que não é legal é ficar nessa coisa rasa, efêmera do personagem. O importante é ficar atento nas letras, nas críticas, porque é isso que o teatro mágico quer trazer. Para nós é um carinho muito grande.
P: O que tem de diferente no CD “O Segundo Ato”? O que o Publico pode esperar do espetáculo?
F. A: O pessoa agora vai receber uma parcela maior do segundo ato, já estivos aqui outras vezes com esse espetáculo, mas cantamos bem mais “Entrada para Raros”. Agora, a gente vai trazer as novidades nos shows aéreos, as músicas novas, os textos novos. O publico pode esperar a surpresa que virá. A gente sabe o começo e o fim, o que vai acontecer no meio é o publico que vai dizer (risos).
P: Em todos os shows vocês passam uma mensagem. Nesse show, além das mensagens de costume, vocês têm um recado especial para passar?
F. A: Hoje na verdade a gente vai defender a diversidade sexual. Existe uma grande mobilização na Paulista (av. Paulista, em São Paulo), em questão do orgulho da parada gay. E o que a gente acha interessante é que o “teatro Mágico” tem essa comunicação com o jovem, com a criança, com a família. Então, para todos nós é muito importante humanizar o ser humano, em questão de respeito e do preconceito. Acho que tudo isso está inserido no nosso projeto.
P: Qual é o principal meio de divulgação de vocês, já que vocês não aparecem nas mídias de massa?
F. A: O Boca a boca sem dúvida! A gente vai completar seis anos, e nesses seis anos a gente sempre utilizou da internet como ferramenta para divulgar nosso material. No nosso site tem foto, música para baixar de graça. Hoje as gravadoras, as mídias começaram a falar sobre o novo momento da música, para implantação do AI 5 da internet, impedindo esses dawloads. Então, essa é a maneira de se relacionar com a gente. De maneira clara, explicita, de poder entrar em um site de relacionamento e ali poder falar com a gente, direto, de poder perguntar e a gente responder. Essa relação próxima tira o artista de cima do palco e vai a onde o publico está, e acaba com esse negócio de que o artista é intocável, acaba o show e ele vai embora para o planeta dos artistas. Isso não existe! Essa relação simples, colaborativa, muita gente divulga nossas frases no MSN, sai com as nossas camisetas e isso ajuda a gente a divulgar o nosso trabalho. A gente percebe que o “Teatro Mágico” não é uma coisa que está sendo empurrada guela abaixo através de rádio. A gente corre paralelo a esse circuito musical.

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