“Os departamentos comerciais exultam quando as audiências crescem, não importa como. Já o jornalismo sofre porque as pressões sobre os códigos de ética e conduta tornam-se irresistíveis, e os profissionais sabem que o procedimento de ceder diante do sensacionalismo pode criar procedentes perigosos.”
(CASTILHO, Carlos, Observatório da Imprensa, 2009.)
“Uma garota de cinco anos caiu do sexto andar do prédio em que o pai e a madrasta moravam. Ambos foram à delegacia e disseram que um suposto criminoso jogou a menina pela janela, mas não sabiam quem era. Isabella Nardoni chegou a ser socorrida, mas morreu pouco depois. No corpo da menina, peritos encontraram lesões incompatíveis com a queda, surgindo, assim, a possibilidade de que ela teria sido agredida momentos antes de cair da janela do apartamento....”
“É um absurdo, como pode um pai e uma madrasta jogaram pela janela a própria filha? A menina tinha apenas cinco anos. Estou inconformado, a população está inconformada. Isabella Nardoni tinha lesões pelo corpo. O pai agrediu a filha antes de jogá-la pela janela...”
Quando a notícia da morte da menina Isabella Nardoni saiu nos veículos de comunicação de massa, assim como eu, muita gente acompanhou o desfecho dessa trama pelos diversos meios: rádios, jornais, revistas e principalmente a televisão, pois essa notícia envolvia uma criança, o pai e a madrasta. Cada veículo de comunicação divulgou a notícia, e todo seu desfecho, da maneira que achou conveniente, e ela repercutiu na população brasileira: foi assunto em trote de faculdade de direito, na hora do almoço do trabalho, nos debates das faculdades de comunicação social. Muitas pessoas faziam questão de participar do júri popular pelo qual o pai e a madrasta seriam julgados.
Existe uma lei de imprensa que obriga os veículos de comunicação a dedicarem uma porcentagem do seu tempo/espaço a casos de violência doméstica, como o caso de Isabella Nardoni, e esse é um dos motivos pelo qual a morte da menina foi tão comentada, porém alguns profissionais da área saíram um pouco de seus limites e cederam diante do sensacionalismo, enquanto alguns veículos eram imparciais e não apontavam o culpado, outros já apontavam o pai e a madrasta como criminosos antes mesmo do resultado final do julgamento, além de apelarem pala o lado emotivo para ganharem mais audiência, contrariando os códigos de ética e conduta da área.
Fico indignada com as atitudes dos “profissionais” da área de jornalismo, que fazem com que seu diploma caia pela janela (como já caiu, por não ser mais obrigatório), assim como Isabella (que também não está mais aqui), no lugar de trazer orgulho aos futuros profissionais de jornalismo.
Artigo escrito pela aluna Poliana do curso de design gráfico da universidade Paulista UNIP, sob orientação do professor Arnaldo Silva para a disciplina de Ética e Legislação.
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